quinta-feira, 24 de julho de 2008

Porque os dias

Continuo sem fone em casa. Preguiça terrível de procurar uma tal de net sem fio, que dizem que existe. Dor de cabeça também a mil. Ou estou ficando hipocondríaca ou estou doente mesmo. Passo a mão no pescoço, que não pára de doer, e sinto uns caroços. Sinto mesmo? e ainda sem convênio. Não consigo falar com o sindicato da universidade que cuida disso. E eu não sei viver sem convênio médico. Fico doente só de pensar.
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O anjo ruivo partiu. Veio e ficou uns dias comigo antes de ir de vez para Paris. Quatro meses sob o sol de Porto Velho deixaram-na com vontade de fincar pé por aqui. Foi uma emoção. Até aprendi uns pratos franceses. Agora é arrumar cobaias. Choramos e rimos bem alto, como manda o figurino do amor. E vimos filmes e ouvimos muita música. Porque música brasileira encanta o mundo. E modéstia às favas, meu acervo não é de brincadeira. Fiz um texto para ela que qualquer dia posto aqui.
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E o amado veio também. 15 dias de beijo na boca. Se bem que às vezes rareou. Eu estou esquisita. Ou deixei de ser esquisita. Comecei a achar - de novo - que bom mesmo é beijar na boca, fechar os zóinhos e ficar vendo o mundo passar. Também fiz texto sobre a vinda do amado. Tudo nos arquivos do computa, trancadinhos, porque acho que perdi meu pen-drive, que chamo até hoje de clé, porque tinha comprado em Paris. Sei que foi bom. Dias divertidos; mas como já faz quatro dias que ele não dá a graça não estou com vontade de dizer dos dias que foram.

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Fomos para o niver da princesa em Porto Velho. A noitada aí embaixo faz parte. E teve muito dengo porque minha princesa já é um mulherão, mas como a carreguei muito no colo, fiz muito mingau e vitamina pra ela, porque a danada demorou a aprender a comer coisa sólida, então olho o mulherão e vejo minha bichinha de pernas tortas e respiro saudosa do tempo em que tomávamos banhos juntas horas a fio com ela escanchada na minha cintura; água e riso pra todo lado.
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E como eu sou mulher de cumprir as promessas que me interessam, os últimos três dias com o amado foi na Chapada dos Guimarães. Aquilo é bonito demais. E que companhias::: Júnior e Risele me fazem ter vontade de ser mais jovem ou ter mais perna ou mais coragem para sair pelo mundo como eles: mochilão e arte na bagagem, muita pinga e muita birra, porque birra no namoro é bom, já que depois vem a tal das pazes. Eu é que não gosto. Não sei fazer o jogo, fico irritada de verdade; mas para quem sabe, é bom. E teve tanta história. Até pegada de onça rolou. E aqueles abismos todos; fui me entranhando de perfume de mato, de som de bicho. Vontade de ficar por lá.
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Mas a vida mesmo agora é aqui. E eu, tanta vontade de ser louquinha, gasto horas cuidando da casa. Sistemática, limpinha, chatinha, ai que estes mosquitos entram e espalham suas asas. E dou uns gritos para que entreguem meu tampo de mesa, pelo amor de deus, porque eu preciso mesmo é escrever, estudar, ler; e mesa na cozinha, com fogão por perto, não rola. Aí chega a mesa e eu gasto horrores só para ter uma cadeira que me parece linda, mas evidentemente não vale este preço exorbitante. Então, com o limite no banco mais estourado ainda, ponho-me diante da mesa, sobre a tal cadeira e começo a escrever um texto que tenho que entregar impreterivelmente até dia 27. E começo bem, mas pescoço dói, me empolgo, abro uma cerveja e termino a noite meio bêbada, com dor no estômago, com fome, nada na geladeira. Melhor ir dormir e recomeçar amanhã, mas amanhã é dia de filme barato na locadora, que é horrível, não tem nada, mas, milagrosamente, encontro A eternidade e um dia, lá embaixo, na última prateleira, e vejo, e é lindo demais, e choro, e sinto vontade de beber outra vez, mas não bebo. Leio Baudelaire. Outro modo de embriaguez. E assim durmo outra vez com meu texto já adiantado, mas eu achando-o uma porcaria.
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porque os dias são os dias são os dias são os dias são medonhos.
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4 Palavrinhas:

Cristina Soares disse...

Eu sei uma coisa legal para este teu pescoço. Já ouviu falar em Reiki ??? É eficaz !!!

Anônimo disse...

Milena, vamos por partes:
- internet sem fio, querida! e é muito fácil: é só ligar pra uma operadora! rs...
- concordo com a fictícia. reiki é pura magia. tenta e esquece os caroços que devem ser emocionais!
- me deuvontade de conhecer este acervo, viu? amo musica brasileira!!!
- que venham os textos guardados a sete chaves. com certeza serão tão belos qto o amor - seja que forma de amor for!
- Chapada dos Guimarães? ai que inveja!!! espero que tenha curtido bastante
- porque os dias podem ser os dias os dias redondos! rs...
Beijos queridinha

Olga de Mello disse...

Sabe o que pode levar você a uma melhora? Caminhar, pegar sol, calibrar a endorfina.
Mas por enquanto seu relato é bonito demais, sonoro, poético.
Beijo

Anônimo disse...

Pra ver como são essas amizades via-Internet: eu a imaginava com uma saúde de ferro, à prova de caroços e hipocondria (rs)! Um abraço e melhoras.