sábado, 23 de agosto de 2008

Manhã

Sem TV perco a vitória das meninas do vôlei. Vou bater em qualquer porta hoje à noite para ver o masculino dizendo alguma frase do tipo: “Olá, eu sou professora na universidade, mas não tenho uma antena de TV. Será que eu poderia ver o jogo por aqui? Mas aviso antes que não consigo evitar alguns gritos histéricos quando vejo vôlei!”. Juro que vou. Já disse aqui muitas vezes como sou aficcionada pelo vôlei, então fui às lágrimas só de ler as notícias. Valeu, meninas!

E acabei de ler os poemas do Juba. Finalmente, cheguei ao apelido definitivo do meu ex-marido. Juba não é nem Júnior, nem Jujuba, nem todos aqueles apelidos bobos que criamos na cumplicidade. Juba ficou bom! Quem lê entrelinhas deve saber como pago o maior pau para ele, como confio e acredito nas suas escolhas, por mais que elas pareçam estaparfúdias para alguns. Daí que foi uma emoção ler seus poemas; leio-os e vejo-o inteiro. Rápidos como ele, tão cortantes como ele; viscerais, expondo dores, espantos e muita vida – de hippie. “Oh, Juba, nem preciso dizer que sempre soube que você era poeta. Mande quantos quiser que eu passo a minha lâmina de revisora. E adivinhe? Não prometi a você e a Ri que ia para a academia ganhar resistência para subir Macchu Picchu? Pois matricula feita!”.

Ontem também li os poemas de Rinaldo. E escrevi sobre eles. Rinaldo é o vocalista do Soda Acústica, um grupo muito maneiro de Porto Velho que vi na sala do Itaú Cultural, em Sampa. E gostei demais dos seus poemas e, por isso, inventei monte de palavrinhas na tarde vazia. Talvez depois eu coloque aqui.

E ganhei um poema de outro escritor, o Alberto Lins Caldas [seus livros são bons demais!]. Ganhei também uma carta dele – que eu já li, reli e treli um milhão de vezes. Daquelas cartas que só recebemos uma vez na vida de tanto que tudo parece estar contido ali – como um abraço. Só precisa que eu saiba.

O poema é este. A carta é só minha:


eu q sou ninguém
devoro ruínas
depois desse deserto
y esses mortos
porq sou polifemo também
y como nada é certo
além desses portos
agarro as crinas
de tudo q temo


E é por estas e outras que desde que acordei escuto os CDs de Itamar Assumpção no volume mais alto. E tenho vontade de dançar e mandar embora esta tristeza amarga. E tenho vontade de saber cantar. E tenho vontade. Porque este nêgo dito, vulgo beleléu me deixa sempre por inteira cheia de vontade. A cada vez que eu sentia que a melancolia branca de Paris ia me atingir, eu colocava alguma música do Itamar no ipod e era engraçado ver todos aqueles rostos sérios, aqueles dias frios, aquelas árvores secas ouvindo Itamar berrando algo estaparfúdio, engraçado, irônico, seco e certeiro. Eu acho que o mundo todo devia ouvir Itamar só para sentir como a vida pode ser divertida mesmo quando levamos a pior topada da vida... A unha arrancada, o dedo sangrando, e se é capaz de cair na gargalhada!
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