quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Hamlet de Aderbal e Vagner Moura

O cenário é horrível. Os tênis incomodam. A Ofélia é bobinha e recita vez ou outra. Vagner Moura cospe demais. Alguns pulos são sublimes; outros bastante idiotas. E o “mamãe” com voz de falsete é de embrulhar o estômago. Mas como o que importa, já diz o Vanguart, é o que faz rachar as velas, nunca tinha visto um Hamlet tão visceral, tão louco, tão astucioso, tão irado, tão cínico, tão teatral, tão apegado aos detalhes, tão lindo. Quando vem “o resto é sillêncio”, o corpo todo pede tudo de novo. E me vem a tarde em que vi uma entrevista de Vagner Moura. E tenho certeza de que o que há de erro e de acerto na montagem vem do horror que o texto lhe causa [a entrega ao horror é o oficio de qualquer grande ator, não?]. E também deve tomar conta de Aderbal Freire-Filho.

Eu diria que é um clip do Radioread, mas quanto mais penso, mais quero resumir tudo assim: Hamlet é Dom Quixote. Hamlet é o príncipe Michkin. Hamlet são todas as personagens antes e depois dele. Hamlet é o próprio teatro. E esta encenação nos diz exatamente isto.

Espelho


E quem puder que lute contra o outro com tanta beleza.
Contra o seu outro.
Contra o outro do outro.
E rasteje até quase lá.
Até quase alcançar.
E alcançar outra coisa
Equilibrando-se em pedras soltas no ar.
Se tombar nenhuma piedade no segundo seguinte.
Mas quem pode?
Só quem tem coragem.
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Penduro minha alma em ganchos.
E sento na cadeira de cabeça pra baixo.
Como vi.
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putaquepariu!
queespetáculomaismaisfodido.
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* foto de divulgação

Sonny Rollins


O que não tem preço?
Ver e ouvir Sonny Rollins com a Mari na véspera do meu niver no Parque do Ibirapuera.
Não é sempre que podemos ver e ouvir uma lenda do jazz.
Ao meio-dia.
Digrátis.
O sol nos deixando mole.
E o seu saxofone nos enfeitiçando.

Queimando a pele toda por dentro e por fora.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

velinhas para mim

era para ter sido duas caipirinhas a menos. ou duas cervejas. ou ter biritado menos no copo de álcool da tati. mas foram duas caipinhas a mais, duas cervejas a mais. e o copo desta menina linda estava tão bom que a noite foi ficando cada vez mais bela mais exagerada mais louca mais mais mais. eu digo que desejar é perigoso. sim - digo isto ao fazer 34 anos. desejar e cuidar do desejo. desejar é perigoso porque o desejo sempre carrega em si a chance do vir-a-ser. e digo isto porque eu desejei um aniversário e ele foi tal e qual. até o studio sp pareceu estar ali como do nada. havia tantas opções. e o studio era dos planos de antes. e de repente ficou sendo o da hora. e foi tal e qual. e ainda mais. mari me diz que o exagero é o meu próprio e que nada nem ninguém deve tirar isto de mim. só eu mesma quando achar que devo parar de querer "tudo aos tubos". crio uma imagem do "tudo aos tubos" e sorrio sorriso grande. e me assusto com a idéia dos 34. muita idade. mas me acalmo se penso no percurso. modéstia às favas, eu acho que posso dizer que vivo bem. e vivo bem na medida em que tudo faço para viver bem. para viver como acredito. viver como quero. tenho parafusos soltos na engrenagem. mas eu os deixo soltos ou porque não sei onde montá-los ou porque muitas vezes não quero mesmo montá-los. a engrenagem solta busca melhor. a desmontagem das crenças, a reinvenção de outras, talvez seja o que eu queira de melhor para mim. sei que é difícil entender, mas ter passado a noite no studio sp ouvindo, dançando música boa, meio inconsciente ou totalmente inconsciente, talvez explique bem o que eu quero dizer sem dizer. eu dizia ainda há pouco que havia me cansado da noite, que não tinha mais "idade", mas em uma das noites insones eu me vi com saudade da noite. destas noites em que se dança, em que se sua, em que se levanta o chapéu para olhar melhor alguém que no outro dia não lembraremos nem do rosto. eu me vi com saudade e senti que era bom não cristalizar nada, não acreditar que já sabia exatamente do que gostava e do que não gostava mais. então desejei dançar a noite toda no meu aniversário. então eu comecei a dançar a meia noite do dia 26 e parei apenas às 6h da manhã. e depois saímos andando pela cidade. tal e qual. mari me contou como foi. porque eu não lembro de quase nada. devia ter sido duas caipirinhas a menos. ou duas cervejas. mas todo o resto deveria ter sido tal e qual.
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gracias às moças lindas que me acompanharam e cuidaram de mim. devo ter dado trabalho. mas também muita risada, assim:::: amém e bis!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A 32ª mostra de cinema de São Paulo

Eu não sei se uma Mostra de cinema da envergadura da de São Paulo é uma dádiva ou uma tortura para uma metida a cinéfila como eu. São as duas coisas na mesma proporção! O frenesi, a correria, uma certa histeria, para dar conta de ver um tiquinho dos filmes (mais de 400 nesta edição!), são inevitáveis. E é delicioso. E a frustração de não conseguir um ingresso? E quando o filme é ruim e ficamos a imaginar nos tantos outros que estão passando simultaneamente e "certamente" são melhores? e o folhear interminável do catálogo em busca de filmes que não aparecerão no circuito nacional ou mesmo aqueles que aparecerão apenas aqui em Sampa e eu não terei a oportunidade de ver? avedapalavra! me vem aquele desejo de ser mais de uma, mais de uma, mais de uma... Ops! Já pensou mais de uma Milena pelo mundo? é melhor parar com o delírio, porque sendo só uma eu já me dou bastante trabalho! Por ora, eu me sinto uma errata exilada na floresta. Uma errata feliz.
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E, no meu caso, como não poderia deixar de ser, a Mostra tem disputado com congresso em outra cidade, exposições, peças de teatro, comprinhas para a casa na floresta... mas eu dei conta de assistir a nove filmes por estes dias, sendo que uma parte não é da Mostra. Se tivesse tempo falaria sobre cada um deles. O que dizer de Sem sol, do documentarista-poeta Chris Marker, que vi ontem na casa da Dê? Não bastam adjetivos!
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Nesta salada, o cinema do argentino Pablo Trapero foi uma descoberta da Mostra. Nascido e criado e Leonera são filmes que vou guardar para sempre na caixinha de memórias. Trapero constrói um cinema de pessoas em situações-limite, tecendo com muita delicadeza o "depois" da quebra, da ruptura. Como viver depois da perda? como decidir o caminho se parte dele faz parte do indecidível e é permeado de horror? Nas primeiras cenas de Leonera, estas questões nos espetam como esporas. Depois da quebra do cotidiano, a protagonista tenta seguir como se nada tivesse acontecido. A água do chuveiro leva o sangue do seu corpo e ela parte para o trabalho. No entanto, quando volta para casa, o horror continua ali espalhado por todo lado. O que resta é o enfrentamento. E não é apenas isto: a maternidade, o ambiente inóspito da prisão, a ambigüidade da inocência e da culpa, tudo vem neste "depois". A dureza e a aspereza enchem-se de pequenas delicadezas e põem qualquer alma em cima de uma navalha. Cada cena se encarrega de construir a tensão e a emoção com muita sobriedade. Houve momentos que eu nem sabia por que chorava de tanto que a cena era sóbria, mas chorava! E chorava por causa do filme, como se sentisse tudo aquilo, sentisse o que a protagonista se recusava a sentir e que, por fim, sente em toda completude.
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"- Diga-me, Mari, o que te constitui e você não poderia viver sem?
- ... Hum.
- No meu caso, eu não poderia viver sem livros e sem música. (pausa longa). Pensando bem, eu não poderia viver sem filmes. (outra pausa). Eu fico sem ler, mas se fico uns dois dias sem ver um filme, já fico impaciente".
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Oh yeahhh. Eu sou mesmo uma errata!
Fazendo quase tudo errado, mas quase tudo dando muito certo.
As coisas me esperam. E pronta, eu as enfrento.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Na cidade

Em BH foi maravilhoso. Uma paisagem urbana cheia de carinho. Depois vou lincar aqui as pessoas que conheci e já conhecia antes. Foi tão bonito. Halem eu quis conhecer. E foi tão rápido! E teve a Ana e o Fabiano. Enquanto os via, embora soubesse que já os tinha lido, pensava que nada substitui o conhecer, o ver, o conversar olho no olho.
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Agora Sampa. Depois volto a BH. Sampa é minha cidade. Faço minha às palavras de Daniel::: Sampa é uma prostituta que nos dá tudo e depois cobra o seu preço. Chove chove. Isso jamais foi problema para mim::: trago em mim a chuva ou o desejo de chuva. Hoje vi Tio Vânia, diretor Celso Frateschi. E chorei como um bezerro no fim. Todas as vezes que eu pensar que sou escritora, lembrarei do fim desta peça::: a perfeição. Talvez a perfeição esteja nos clássicos::: a palavra na medida exata. E talvez a dor maior seja que os clássicos nos mostre nossa imperfeição, nossa vontade de sermos mais do que somos.... para em seguida vermos que não é nada disso, que nada podemos. (sem ponto de exclamação, porque meu amigo escritor me diz que isto é fútil e desnecessário!!!!!!!!!!!!!!!!!!) .
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Amanhã vou para São José do Rio Preto para mais um congresso. Sinto que vai ser bom. Por aqui, tudo ao mesmo tempo agora. O Festival de cinema rola. Vi Bergman hoje. Bergman, para quem não sabe, é meu cineasta essencial. Fellini é o outro. E eu estava ali. Tarde fria a ver Bergman. O que mais posso querer da vida? Tanta coisa. É esta incompletude que me leva. Nada saberia ser sem isto. Sinto medo e muito tesão. Parece incompatível, mas é isto mesmo. No filme do Bergman, era isto: ele sabia como caminhar pela vida; tinha o coração puro... mas era tão impetuoso!! Me identifico? Acho que sim.
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e se não for nada disso? Tchekov, que escreveu Tio Vânia, diz-nos que tudo é para depois. Mas enquanto bebo cerveja com estas três moças lindas - mari tati van - eu acho que tudo é para agora.
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A quem dizer que tudo é bom?
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Agora ando pela cidade com um chapéu vermelho.
Agora sou uma personagem.
Agora sou eu mesma com saudade.
Não é romance! Romance é coisachata.
Agora é cumplicidadeolhonoolho.
A bailarina no filete da navalha.
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Agora toda a vida corre em mim enquanto sinto sono sem vontade de ir para a cama.
Chove chove.
E ouço barulhos de carros lá fora.
Toda a noite desce sobre mim.
Melhor dormir.

sábado, 18 de outubro de 2008

... de longe

A noite desce. Os dias tão bonitos. Estou aqui em Sampa. Fui a Belo Horizonte para a Jornada Jacques Derrida. Muito a dizer de lá. Depois digo dos dias em trânsito. Pois então. Vi Ensaio sobre a cegueira. E também o Mistério do samba. E gostei da minha comunicação em BH. Outra pessoa também gostou. Mas o que gostei mesmo foi do que ouvi. Palestras maravilhosas. O ouvido afinado para o que já sei e o que ainda não sei. P o r v i r. E quem duvida? Eu não... que quero mais é viver. E os amigos de lá? Lindos, lindos. Tanta conversa, tanto riso, tanto passo junto com a Lu... Agora estou aqui. E esta cidade é toda minha. Vou dormir, porque amanhã tenho muito a fazer. Sempre se tem quando o mundo dança. d a n ç a...
d
a
n
ç
a
como esta que acabo de ver. bem... dormir.

sábado, 11 de outubro de 2008

Noite

Conclusão da noite: "é tão bom conversar quando se tem o que conversar!" tchubarubando...
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(êtaleseiradevidaboa!).

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

da série "experimentos"


(quando da leitura de "tropicalia: uma revolução na cultura brasileira")

(com foto da série “manifesto antropófago”, de Zé Celso)

o mundo está aí. lagartixas rastejam e algum pássaro voa. a cabeça do rinoceronte enfrenta a linha reta cheia de curvas. talvez baile no meio do perfume que agora sai de mim. a toda hora o acaso bate em alguma fresta. e a fresta ou se fecha ou se expande. o nariz carrancudo vence a peste que o devorou. o mundo está aí. e os répteis se esgueiram nos becos. as luzes queimam minhas pestanas. e eu me despeço de algum eu e olho no espelho meu corpo cheio de vestígios. deixo o dedo espetado na agulha. e a navalha perfura o olho. nenhuma pausa na noite que desce enquanto os fantasmas bailam no tapete daquela árvore mal colocada no caminho. eu os pego pela mão e dou um sorriso de escárnio. a cabeça pende e mais um litro de vinho descansa vazio. o mundo está aí. pare, ouça, ande, veja. não custa nada. só lhe custa a vida - diz Gil e Duprat. com antropófagos e tropicalistas Caetano e Torquato Zé Celso e ele mesmo, toda loucura desce sobre mim na manhã quase noite.



Nada terá tido lugar senão o lugar (Mallarmé).

domingo, 5 de outubro de 2008

fragmentos de um discurso amoroso

as marcas se dissipam. um dia acordamos e nos damos conta de que o passado se desinstalou do corpo e o que resta é apenas alguma dor descontínua não pela pessoa que perdemos, mas pelo que se perdeu junto com esta pessoa. é da idéia de amor que sentimos falta. e não da figura do amado, que é sempre menor do que a do amor. há espanto porque custamos a acreditar que o que até ontem feria como uma chaga exposta no sol de 40° foi anestesiada. e com a anestesia veio a cura. talvez outra emoção. outra beleza. ou simplesmente a escrita. porque a escrita é o lugar em que tudo se resolve por si só. a escrita é a encenação de umas tantas cenas que se apagam junto com aquele que se foi agora não apenas espacialmente. sim. fragmentos de um discurso amoroso é o livro mais atípico de Roland Barthes, e isso não é pouco para quem sempre buscou uma outra linguagem para além da linguagem da crítica que o prendia. é meio lendário. ele já personagem dá a entender que fez o livro para se livrar da perda. então escreve "dramaticamente". nem análise nem crítica. o que faz é esmiuçar, detalhar, a figura do enamorado. surge o drama da enunciação – com a sua respiração, os seus retardos, a sua língua. surge um livro inclassificável, que fantasmagoriza Werther, lugares, amigos, livros. já nem sei quantas vezes o li. agora, eu o reli em uma manhã. é estranho, porque nunca leio pela manhã. mas nesta manhã acordei diferente, como se já fosse noite outra vez. quer dizer, me senti diferente e achei bom. sorvi assim as cenas de um amor quase sempre em partida, quase sempre com algum “pontinho no nariz”, quase sempre em espera. apenas quando estamos em estado de diferença podemos admitir que Barthes desvendou toda a mitologia do amor. admiti-lo é admitir a ironia, a descrença, a reiterabilidade, e não a originalidade do amor. porque todo desvendamento é um enfraquecimento. o amor desvendado não é amor. Barthes escreve eu, mas não é um eu psicológico. não se escreve nada por causa da dor ou do amor, ele nos diz. poetas também já disseram. escreve-se pela escrita. por isso, o eu de Barthes – e também o eu daqui – é um eu estrutural. não há desvendamento de nenhum segredo nem desvelamento de subjetividade. há catalogações. e nenhuma catalogação vem apenas de um “eu”. é outra lição de Barthes. quando cataloga uma a uma as figuras do amor, ele nos diz que o amor – e tudo que vem com ele – é uma invenção. a ponto de, ao sentirmos dor, sentirmo-nos também participante de algum filme que já passou, de algum romance que já foi escrito, de alguma música que já tocou.

(um adendo: Toda uma simbologia ligada ao outro na data de ontem. E eu não lembrei. Passei o dia pensando que 4 de outubro era o último dia para enviar uma proposta de comunicação. Até que alguém me lembra. Alguém sempre lembra. O outro nasceu neste dia. Então eu lembro. Lembro do Bar Sarajevo. Do ambiente esfumaçado. Da música, da dança e do primeiro beijo. Lembro. E nada me dói. A lembrança está aqui. Mas nada além disso. Guardo a imagem, mas o imaginário se dissipou. A simbologia está morta. E não há nada além da simbologia. A não ser uma certa melancolia da perda do imaginário. Ainda é Barthes. É por isso que ele é meu escritor essencial. Por isso sempre acho que sou uma invenção dele).

* Foto: encenação de Banquete antropofágico, de Zé Celso, no Sesc.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Semana

Ao som de Fernanda Porto

"Não jogarei sementes
Em cima do seu cimento".
(Arnaldo Antunes, no drum m' bass dela)

Flores e incensos pela casa.
Meu amigo Binho está aqui.
O Sell* está acontecendo.
Estou dando o minicurso com ele.
Poesia e música pop é o nome do minicurso.
Muita música e muito vídeo para a moçada.
Idéia dele.
E eu vou na viagem.
A antena da cumplicidade elevada ao quadrado.
Dialogando o tempo todo.
Que a vida fosse por inteira assim,
era o que eu queria.

Eu não disse?

quando eu olhar pro lado
eu quero estar cercado
só de quem me interessa.
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porque és o avesso do avesso do avesso.
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O fio do pensamento estica até ao delírio.
E muita risada.
"Nojentinha, sabidinha, com esta sua calça frouxa de quem saiu de Lyon e caiu bem aqui".
Heheheh! Aguinaldo é o homem-menino-poeta-malino.
Sou eu?
O estereótipo gargalha.
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* Seminário de Estudos Linguísticos e Literários, que ocorre no curso de Letras há treze anos, sempre no mês de outubro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

eles

sábado eles vieram. já tinham vindo outras vezes. cozinhei para eles.
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?! de verdade.
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sim, é verdade. eles merecem. são carinhosos. são alegres. e gostam de tudo do que eu gosto. culpa da kotz que me apresentou a todos. onde esta moça encontrou tanta gente boa? e esta moça mesmo? será alguma fada enviada para cuidar de mim? está mais para Chapeuzinho, afinal tem o seu Lobão. músicas. filmes. quantos filmes vimos? perdi a conta. esqueci até o nome de um. é que não importava mesmo. o que importa é a amizade nascendo assim de forma bonita. e na vitrola lenine e zeca baleiro. e esta rossana de celso (nada menos do que soberba!). o Lobão da moça fica me mostrando estas coisas.

e domingo um deles veio. os outros eram para vir também. mas horário não é com eles. a "regra" é esperar até quatro horas sem reclamação! já saudade da cumplicidade plantada. raiz. vimos três filmes na preguiça de domingo. ele é desastrado. e curioso. e bem humorado. e faz meu computador funcionar que é uma beleza. da primeira vez que veio aqui quase pôs a casa abaixo. mas tem o sorriso tão franco, tão amigo que até deixo pôr a casa abaixo.
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definitivamente eu sou sortuda.
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(adel, camila, jujuba, kotz, lobão-paulo, luciano, ney, assinalo que vilhena não é mais uma cidade triste. vocês existem).
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O que amo



Eu não sou religiosa.

Mas o ritual me emociona sempre.

E ser madrinha do Pedro, meu sobrinho, é de uma alegria tamanha.

Farnese de Andrade

a noite é tão triste, não porque estou aqui desterrada dos meus tantos mundos, exceto o dos livros que devoro para esquecer este não lugar que não me pertence e ao qual não pertenço. a noite é triste porque folheio o livro de farnese de andrade com suas bonecas mutiladas, queimadas, quase cinzas, suas caras viradas ao avesso como monstros aprisionados em algum espasmo do passado, suas faces afogadas em invólucros transparentes que as prendem sem nenhuma piedade, sem nenhuma compaixão. estes objetos velhos, destruídos pelo tempo, nada mais do que trastes, do que restos, me levam a um espaço estreito de amargura, de destroçamento, de solidão. o que pensava farnese? não o alcanço, e não alcançá-lo é o que me fascina.
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