sábado, 6 de dezembro de 2008

prece às avessas de uma professora

eu leio. mas é difícil para mim. sofro. não sei ler com hora marcada. texto marcado. tanto livro no mundo e uns dez na minha frente por obrigação. é como querer nos obrigar a trepar sem tesão algum. chafurdamos na lama imaginando outra cena, até que quase é. mas não é. depois fica aquilo apodrecendo até ao limite do insuportável. o curso de letras é cheio de cadáveres. e eu não finjo. muitos destes escritores para nada servem; talvez para fazer um leitor se enfastiar até quase à morte. tudo cadáver. um verdadeiro leitor nunca vai ler certos livros que nós, coitados, somos obrigados a. é uma tortura chinesa sem prazer algum. eu não quero saber quem é afonso lopes, jerônimo baía e muitos outros que estão nestas malditas coletâneas de histórias da literatura e vão parar em ementas dos cursos por pura preguiça de quem as faz. ou por puro não-saber. ou por puro descaso. e nos resta escandir versos mortos. uma masturbação sem borboleta. oh jesuscristinho, quero de novo minhas borboletas sem hora marcada. quero de novo a verdadeira literatura. aquela que me embriaga. que me deixa insone. que me deixa revoltada. mas de uma outra espécie de revolta que não esta.
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1 Palavrinhas:

Lucianne Menoli disse...

sei da sua dor, mas me dá alívio ler isto aqui, e ver q nao sou a única a nao querer mais fingir todo esse orgasmo academico, a deixar mtas vezes o texto obrigação de lado, porque henry miller me chama, bukowski me chama, e tantos outros... todos aqueles q nunca vão estar no planejamento de curso de qualquer disciplina q seja "honrada" pelo departamento. Ah, a "academia". mas me alivia ver professoras, pessoas, gente pura como vc, a doer por toda essa obrigatoriedade. a literatura por puro e complexo prazer dói. e quase ninguem esta pronto para uma dor verdadeira. apenas a dor murcha do obrigatório. estaremos mesmo sempre comendo fantasmas???

Adoro seus textos, beijo, saudades.