terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Satolep, de Vitor Ramil


Meu caso de amor com Vitor Ramil é antigo. E é musical. Fã de carteirinha. De ir ao show, pedir autógrafo e tirar fotografia ao lado. Então, ler Satolep é uma extensão deste amor. É uma declaração deste amor. Vivo um tempo de declarações.  E este livro é também uma declaração de amor a cidade de Ramil, Pelotas. A história se faz a partir de fotografias da cidade antiga. Vemos os casarões antigos, as ruas, as praças... O preto e branco enche-nos de nostalgia. Mas a história não é nostálgica. Surpreendentemente, é quase um suspense, movido pelo fantástico, em que cada lance é decidido pelas fotografias. E mesmo com a instauração do fantástico, a narrativa é sóbria. Para o narrador, trata-se de não aceitar que a Satolep que ele vê seja ruínas um dia, enquanto que para o autor trata-se de fazer mover a memória - pessoal, insubstituível, fantasmagórica - para não se deixar vencer pela desaparição inevitável. Vê-se uma Satolep que não mais existe.

Assim, as histórias das personagens funcionam como uma forma de provar a existência do que não existe mais. O fotógrafo que retorna à cidade, renegando a casa do pai e se encontrando com personagens próprias e ilustres do Rio Grande do Sul, quer, no fundo, não se deixar vencer pelo esquecimento. Daí que a lógica das fotos não é óbvia. Elas são não "o que aconteceu", mas o que acontecerá, como se o ser humano, e só ele, pudesse refazer tijolo por tijolo aquilo que o tempo fez desmoronar. Daí a narração para interlocutores que só têm voz no último texto ser tão necessária (não vou dizer aqui que, virtualmente, somos nós leitores estes interlocutores, porque estou farta de textos que aludem ao leitor!!!) . É a narração que presentifica as fotos, que esvai a nostalgia, instalando o suspense.

Como está dito em algum lugar do livro: "o inesperado é a regra".
Queria ser aquela que fotografou a cidade da infância.
Por diversas vezes, pensei nisso.
E por diversas vezes adiei esperando ter a máquina perfeita.
Quando vou aprender que o tempo leva tudo?
E que não adianta esperar?
Queria eu escrever as memórias da minha cidade.

Seriam memórias totalmente opostas, é certo. Porque o frio, a bruma, a umidade tomam conta de Satolep, assim como o sol toma conta do Nordeste brasileiro, de onde vim. É a estética do frio de que fala Ramil e que, no livro, está na boca, por exemplo, do Cubano: "o frio geometriza as coisas", um frio que não vai embora nem quando o calor começa. Pelotas como lugar frio é uma maneira de demarcá-la como diferente, apreensível apenas para aqueles que, como o personagem Selbor, a vivencia através de seus mitos, seus homens, de uma forma particularizada e poética.
.
.

sobre o presente



um blog é, principalmente, sobre o presente. às vezes, eu volteio pelo passado. atrás das  minhas memórias. ou são elas que vêm atrás de mim e ficam pisando em meus calcanhares até fazerem calo. e ainda assim,  fica tudo distorcido pelo presente, que é a matéria-prima desse tipo de escrita. daí por que sempre imagino mil postagens, e destas saem duas, três. o presente se impõe.
...
..
.

...

"Muita gente anda pelo mundo sem saber pra quê: vivem porque veem os outros viverem. Alguns aprendem à sua custa, quase sempre já tarde demais pra um proveito melhor. Eu sou um desses".

Frase de Satolep, de Vitor Ramil, atribuída a João Simões de Lopes Neto, que preciso ler.
..
.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

revisteiro coca-cola



Quando eu vi a ideia no blog da Mika Lins, não resisti. Imaginei logo que queria algo parecido. A caixa dela tem mais bossa - é de madeira. Mas achei esta em uma tarde maravilhosa. Vi que era a hora. Estava tão encardida, tão suja, tão jogada... Já estava carregada de histórias. Como tudo aqui em casa, tem muito a ver comigo. Afinal, coca-cola é meu maior vício. Eu nunca tive nada contra a coca-cola. Pelo contrário. Na gravidez, foi mais fácil parar de beber cerveja do que. Já no tempo da ideologia, eu achava estranho o ódio a coca-cola, que representava o ódio aos Estados Unidos e tudo que eles supostamente representam. Também não tenho ódio aos Estados Unidos - e, acreditem, sempre fui de esquerda, quando fazia sentido usar este rótulo. E ainda agora, quando não faz mais sentido, preparo-me para votar na Dilma. E mesmo assim, tenho muita vontade de andar pelos museus de Nova Iorque - e quem sabe não será em breve... A Disney, acho um horror. Mas é culpa dos brasileiros. Todo descerebrado adulto que tem dinheiro vai a Disney nas férias... Mas quando estava em Paris fui a Eurodisney... que é uma cópia pálida da de Orlando. E por aí vou - sem rótulos. Não misturar alhos com bugalhos. Não seguir as palavras de ordem, eis.


O que eu gosto é de  não ser escrava de nenhuma moda. Gosto da liberdade que a casa dá. E apenas a casa dá. Porque a casa é um parque de diversões. E pede autoria. Não pede quadro que combina com sofá. Pede a a bobeira, o trash, o kitsch.

Loucos por cinema 2

O cinema já me salvou muitas vezes. Quando era criança, imaginava-me psicóloga. Depois, jornalista. Não deu nem uma nem outra. Na época, não existiam estes cursos em Porto. Escolhi Letras - porque gostava de ler. Mas se pudesse retroceder no tempo, teria feito Cinema. O cinema já me salvou muitas vezes. Quando morei em Campinas, não conheci a cidade por causa dos filmes. Em um ano, praticamente não conheci nada. Via um, dois, até três filmes todos os dias. E isso me bastava. Em Paris,  já foi o contrário. Conheci muito da cidade por causa dos filmes. Escolhia os cinemas a partir dos lugares que não conhecia. Antes dos filmes, sempre dava umas voltas pelos arredores. Agora os filmes me salvaram outra vez. Porque é foda ficar janeiro em casa. A impressão é que o mundo todo está em alguma ilha de Caras - e nós em casa, curtindo uma conta no vermelho. Ok, não tão dramático nem tão vermelho, afinal temos o Poeminha. E evidentemente não é na ilha de Caras que quero ir, mas, sim, na lista de lugares que ainda quero ir antes de morrer). Mas  como ia dizendo, é certo que o cinema já me salvou muitas vezes. E salvou-me agora. Eu estava bem entre os livros. Mas sempre vinha uma nostalgia, uma tristeza. Até que vieram os filmes. Três noites, oito filmes. Delícia, delícia. Todas as histórias fazendo da minha uma história bonita. O paraíso, simplesmente o paraíso.
 .
.
E, claro, deu uma puta vontade de comprar um datashow, que estão cada vez mais com uma qualidade espantosa - cinema em casa. Este da foto é emprestado de um amigo. O bom é que é daqueles amigos que se pode sempre pedir emprestado. 
.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Loucos por cinema


  • Amantes [EUA, 2009], de James Gray
  • 500 dias com ela [EUA, 2009], de Marc Webb
  • Revólver [França, Reino Unido], de Guy Ritchie
  • Valsa com Bashir [Austrália, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Israel, Suíça, EUA ], de Ari Folman
  • Revanche [Áustria, 2008], de Götz Spielmann
  • Rio congelado [EUA, 2008], de Courtney Hunt
  • Bastardos inglórios [EUA, 2009], de Quentin Tarantino
  • Estômago [Brasil, 2007], de Marcos Jorge
Recomendo todos. Porque, modéstia às favas, eu entendo um pouco do babado.

    para o filho




















    Poeminha, eu te amo cada dia mais.
    Sem eufemismo.
    A cada dia, mais amor.
    .
    .

    sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

    para o filho



    Poeminha, amar é tão fácil. educar é que são elas. filho, eu  temo não ser uma mãe perfeita. tenho lido alguns sites de mães na ânsia de entender o que significa este troço danado de fácil e danado de difícil. na maioria das vezes, acho-as bem melhor do que eu. embora, na sã consciência, eu saiba que  pensar assim é bobagem. é porque eu sinto que serei uma mãe exigente e às vezes ausente. amorosa, sim. muito amorosa. eu não poderia contar quantos beijos e abraços lhe dou por dia, nem quantas vezes digo que lhe amo. e cuido de você sozinha. não temos babá. e não sei quando teremos. muitas mamadas. e colos. e banhos. e arrumo você todo. você ja é estiloso desde agora (gostará de sê-lo quando crescer?). e faço massagens em você todos os dias. e me chicoteio porque não consigo acordar cedo para lhe dar banho de sol. você é cheiroso, muito cheiroso. gosto de homens cheirosos, filho. sempre gostei. e  agora você é meu homenzinho.

    eu recolho cada sorriso seu. que são muitos. você é muito, muito sorridente. já leio histórias para você. e lhe mostro o mundo colorido. hoje ficamos à beira do rio. e eu sacudi meus pés na água como você faz na banheira para que você sentisse que o rio não é mais do que a sua banheira em tamanho maior. assim não é preciso ter medo. falo isso tudo para você. falo como adulto, sem colocar os "l" no lugar dos "r". mas minha voz às vezes sai meio infantilizada. e automaticamente faço o barulho de "carrinho" que você aprendeu com seu pai e não para de repetir. enfim, nada lhe falta. meio criança meio adulta, é assim que sou com você.

    mas sou exigente, filho. não acho que deva sempre lhe dizer sim. você tem apenas três meses e eu já acho isto. é por isso que agora você chora no berço. eu e seu pai estamos tentando lhe ensinar a dormir mais cedo. é muito cedo para dormir tão tarde, filho. preparamos seu cantinho - e seguimos o mesmo ritual todas  as noites. e mesmo assim você chora. não lhe abandonamos. vamos lá de cinco em cinco minutos dizer-lhe que está tudo bem, que é apenas hora de dormir. mas ainda assim você chora. até quando? não sei, filho. mas sei que como estava, era muito difícil para mim e seu pai. horas e horas lhe ninando, balançando na rede, e você nem dormia nem ficava em paz acordado. aí resolvemos seguir o conselho do médico: "ensine seu filho a dormir sozinho". e assim tem sido. quando você finalmente resolve, crava os olhos no seu coelho e dorme gostoso. só acorda manhã alta. foi sempre assim. se alguma vez me ouvir dizer que, quando você nasceu, perdi noites de sono, pode me desmentir (logo você vai perceber que as mães adoram exagerar seus feitos!). você apenas não quer dormir cedo, embora a irritação, o choro, as mãozinhas esfregando os olhos deixem claro que você tem sono. mas não quer dormir e, por isso, chora. e chora como quem pede colo.

    poderei evitar todos os seus choros, filho? acho que não. aprender doi. existe o sim e o não neste mundo. muitos sins e muitos nãos. e eu posso estar enganada, mas tenho cá em mim que se eu lhe disser apenas sim talvez contribua para que você seja como estes seres sem vontade que eu vejo a cada dia. seres sem força, sem ação, sem paixão - engolidos pela vida de todos os dias. entediados pela quantidade de facilidades que a vida lhes ofereceu. todos os sins do mundo. nenhum não.

    nestas noites, você tem ouvido seus primeiros "nãos". é a primeira bola que lhe jogo. agora, você vai ter que aprender a dormir sozinho, no seu berço. e descobrir que mesmo assim está protegido.

    dói, filho. mas eu sou durona. e você vai ter que aprender a lidar com isso.


    segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

    Opinião de amiga

     A Kotz disse: "olha como é legal esta luminária!". E depois acrescentou: "mas o que não é legal neste apartamento?". ok, opinião de amiga não vale. Mas é bom ouvir...

    ...



    eu não disse que ficávamos paquerando?
    .
    .
    .
    ainda agora, na varanda, a chuva cai. e nós.
    *
    *

    sábado, 9 de janeiro de 2010

    Soda acústica



    conheci o soda acústica no palco do Itaú Cultural de Sampa. na época, eu não sabia, mas vivia uma solidão a dois dos diabos. pois foi assim, numa solidão a dois, que ouvi pela primeira vez o Soda. e me apaixonei por eles ali. eu e minha solidão. uma amiga me disse que o nome da banda cheirava a coisa de adolescente. mas eu garanto que não é coisa de adolescente. não o nome, e sim a música que vem da banda. esta rapaziada - Rinaldo, Anderson, André -   é pop. é jovem. é cabeça (ainda se usa esta gíria?). é uma delícia de ouvir.

    é bem inteligente sem ser pretensioso. quer dizer, às vezes é pretensioso - numas letras que querem salvar alguma coisa - demoEGOcracia. mas tem uma ironia tão boa, uma utopia tão boa, que vale ouvir muitas vezes. um som que soa diferente. pouquinhas notas. mas coisa fina - aqui e ali,  a repetição comanda e - epa - uma nota arranha  diferente, estranha, surpreendente, dissonante. um cuidado com a palavra. poesia. coisa de poeta  - adoro se "e se eu for um arremedo/ o início de um ano velho/ janeiro sem enredo"::: a expressão do nosso tempo, da nossa  hesitação diante das coisas do mundo. tem um quê de bandas alternativas. me lembram uma porção de bandas e me lembram nenhuma ao mesmo tempo - e isso se chama originalidade (mais uma palavra démodé). me lembram Arnaldo Baptista. me lembram os the darma lóvers. e como disse, lembram eles mesmos - uma consiciência musical de quem sabe por que canta, por que quer ser artista, por que quer fazer música.  

    sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

    (re)soluções do novo ano

    - voltar a assistir a um filme por dia (ao menos).
    - voltar a tirar fotografias com a mesma constância e alegria.
    - cuidar menos da casa. mas comprar uns mimos para ela que estão na lista.
    - gastar menos.
    ...

    o bicho da seda tece. não sabe se uma colcha colorida. ou algo mais sóbrio - preto e branco talvez. agora ele trabalha bem na minha frente. paqueramos. dividimos a mesa. e a felicidade. às vezes, me deixa sozinha. eu peço. e ele deixa. 
    .
    .

    quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

    bortolotto


    estou vindo agora da leitura do "atire no dramaturgo", do mário bortolotto. aquele, que levou três tiros e trouxe de volta a discussão sobre a segurança na praça roosevelt, em são paulo. aquele responsável pela tão propalada "revitalização" da mesma praça. leio o blog do bortolotto faz tempo. não teve nada a ver com os seus tiros. tem a ver com a minha paixão pelo teatro de sampa, que me faz falta como o diabo. assisti a algumas peças na praça roosevelt. o ar underground é ducaralho. eu gostaria de ter me embriagado lá mais vezes. na última vez que fui a sampa, aniversário, perambulei por lá. já faz tempo. nem eu podia adivinhar como minha vida mudaria a partir dali. talvez eu desconfiasse dada a quantidade enorme de telefonemas que recebia do Tatu enquanto perambulava, extasiada com a constatação de que nenhuma lembrança de um amor partido tirava a minha alegria de estar ali, de conhecer o espaço cultural de sampa como a palma da minha pica, se tivesse uma  - à la leminski. agora tudo acontece sem mim. mas eu engreno outras vivências. e a saudade de lá é sempre domada pela nova vida que se faz. eu olho e agradeço. eu olho e me espanto.

    mas leio que não sou besta, amém. viver como ameba nem um único dia, que por aqui o tempo pode ser curto. e se for? terei vivido tudo. estou só esperando que minha conta corrente coopere um pouquinho mais comigo para cair no mundo. difícil demais quando me faço tão indisciplinada. a disciplina é sempre tão careta. a piada aqui em casa é que eu gasto meu salário, o do tatu, meus bicos e também os dele. mas agora é novo ano e eu vou criar juízo. depois perco de novo.

    mas, voltemos.  lindo o modo como bortolotto lidou com a sua sobrevivência. ele ele ele. chorei um bocadinho. ando assim. vida longa ao dramaturgo que ele merece. vida longa à praça roosevelt e aos bêbados que passam por lá querendo respirar um pouco dessa loucura sã que é querer viver acreditando que a cultura vale - até mesmo três tiros.
    .
    .

    quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

    Show do Binho e a vida



    A vida é mesmo linda. Com meu filho ficou  fácil. Nunca gostei da tristeza. Já fui triste, mas mesmo quando era deixava que meu sorriso comandasse e acomodasse as tristuras. Às vezes, basta-me um filme. Ou uma frase em algum livro. Nem isso. Só uma folheada já me faz ganhar o dia. Ou um email. Comunico-me  menos com aqueles que estão longe, mas mesmo a falta de comunicação me traz o prazer do gesto raro. Saturada das facilidades da Internet, comovo-me quando venço a mim mesma e chego até ao outro. Bebo uns goles de vinho nas quase madrugadas. Poeminha há de perdoar algumas gotas que vão para ele: "filho, vinho é tão bom, sair um pouco de si mesma é melhor ainda!". Todos em mim: mari, marie, binho, manu, maneca, jéssica, mana, arev. Tanta a distância de tantos que amo.

    Fomos ver o show do Binho em uma cidade a quatro horas daqui. Ji-Paraná. O show foi ducaralho. Bado estava lá nos violões. Mettal nas projeções. E Carlos Moreira nos poemas. Eles são desconhecidos em âmbito nacional, mas é uma turma fudida de boa. Música de primeiríssima qualidade. E são gentes raras. Amo tanto o Bado e o Binho que nem sei. Ensinam-me um mundo a cada vez. Plateia quase vazia. Ser público é para quem tem sorte. Eu tenho muita. Eu, meu filho, Tatu, o amigo dele nas estradas, ouvindo muita música e jogando muita conversa fora. A vida é mesmo linda. E depois do show sempre rola um barzinho. Eu, meio preocupada com o barulho por causa do Poeminha, mas ele dormiu entregue aos seus sonhos, e eu senti que podia ser eu mesma sendo mãe.

    Tenho seguido meu caminho. É o meu modo de me proteger do mundocão e de mim mesma. Dois, três dias sob tensão e já me vem uma vontade de esquecer tudo - tempo, tempo, tempo, salve-me. Depois do show do Binho, passamos a tarde em um hotel fazenda. No meio da floresta, escorreguei, quase ralei o joelho e lembrei do que realmente vale a pena, e por que estou aqui.
    .
    .

    O cinema

    "O cinema não tem regras. Por isso ainda o amam"
    .
    .
    .
    "É preciso viver as histórias para inventá-las".

    Jean-Luc Godard, em Paixão.
    ...

    ...

    tão difícil a reinvenção de si.
    .
    .
    .

    segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

    ...

    3 dos 90 dias. vamosverseconsigomereinventar.
    .
    .
    .

    sábado, 2 de janeiro de 2010

    para o filho


    Poeminha, você foi a estrela do natal e da festa do ano novo. a família do seu pai em volta de você. datas importantes, filho. para mim, sempre alguma saudade. e alguma tristeza dos muitos natais que não tive. você os terá, filho. eu prometo.

    à meia-noite, eu e você vivemos um momento lindo. posso lhe garantir que vivi um dos momentos mais poderosos da minha vida (e olha que cultivo com amor momentos poderosos). saímos de casa para ver a queima de fogos. eu não queria ir. vontade de lhe proteger. como imaginei, você se assustou. com os primeiros barulhos, chorou forte. e eu, instintivamente, lhe ofereci o peito. e o peito, eu descobri, é muito mais que um alimento. é um escudo, filho. nada mais lhe assustou. nem um único movimento indicou que você ainda escutava os barulhos que segundo antes tanto lhe assustava. foi tão bonito. veja, meu filho. a sua presença, a sua tranquilidade fez dessa "virada" a mais bonita de toda a minha vida. e sabe por que, filho? porque, quando lhe protegi, me senti inteira. foi você quem me protegeu. chorei. e de pura felicidade. senti que todos os vazios ou todos os transbordamentos de ano novo foram nada se comparados com o que eu e você vivíamos ali. comunhão plena.

    nem sempre será assim, você vai ver. nem sempre poderei lhe proteger das dores do mundo. muitas vezes, você estará sozinho. em outras, não vai querer minha proteção. ou não vai precisar. mas saiba, filho, que eu descobri algo no primeiro minuto de 2010: que, enquanto eu viver, você poderá contar comigo. eu estarei sempre a postos.

    obrigada, meu filho, por existir. você e seu pai me completam.
    .
    .