sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Por aqui no carnaval


O carnaval passou bem ali longe. Fiquei aqui com meus dois homens e alguns livros. Já fui boa carnavalesca, mas não senti falta alguma. Melancolia, nenhuma que envolvesse as festas momescas. Lembrei de Marie e de nós na praça de Recife. Lembrei de Cy e Alberto. Mas ali já não era carnaval. Eram muito mais as pontes, Brennand, as obras, os livros, a casa linda.

Na véspera, o correio liga e avisa: ou pega agora ou só depois do carnaval.  Tudo depois do carnaval. Fomos lá, então, meninos peraltas. A alegria de pegar livros com cheiro de novo. Dia inteiro com angústia - por onde começar? Comecei assim: "Nos últimos anos de sua vida, minha mãe foi perdendo aos poucos a memória". Luis Buñuel, em Meu último suspiro. Depois larguei e fui até ao fim com A viagem do oriente, de Le Corbusier. No pesqueiro, voltei a Buñuel. Ainda o vaivém com os livros. Prometo que.

Durante todos estes dias, também não tirei a minha amiga Arev da cabeça. Sua filha casou. - aquela menina linda. O que é o casamento de uma filha? Eu quis muito perguntar, quis muito ouvir sua voz, suas risadas. Não compreendo isso que não tem cura. Não tem cura este tormento desde muito: o telefone.

No último dia, me tranco sozinha em casa e ligo para minha mãe. Nada indica nenhuma anormalidade. Talvez só a pressão forte do fone nos meus ouvidos. Depois, exausta, não consigo cumprir a lista de intenções e me enrolo toda até que eles voltem. Tem sempre algo que cala.
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