sábado, 8 de maio de 2010

Para o filho


Poeminha, sua tia-avó, aquela que fez todo o seu enxoval,  hoje finalmente lhe conheceu, e, realmente surpresa, exclamou: "Meu Deus, é o Ney!"

Ney, como você já sabe, é o Tatupai.

E ela sabe o que fala, filho. Conheceu seu pai quando bebê. Depois, mais calma, mas não menos surpresa, falou: "É como se Ney tivesse nascido outra vez". 

Viu, filho, que bonita esta parecença tão grande! Eu já perguntei para o seu pai o que é ter um filho tão parecido. E se perguntei, é porque também me espanto. Por várias vezes, ao ver vocês dois juntos, me veio uma emoção grande. É porque vocês realmente se parecem. Não posso mostrar aqui, filho, mas já os fotografei no banho - realmente vocês são tão parecidos... E não é só físico, filho. Desde já, não é só físico. É o olhar, o gesto, o encolher as sobrancelhas... É tudo.
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E o que há em você meu? Ainda não descobrimos. Eu me contento em saber que você saiu das minhas entranhas. E que se alimenta do meu corpo. Já me é muito. Mas lá no fundo, talvez, eu sinta um certo ciúme. Mas ciúme, filho, nunca foi um sentimento que admiti, embora já o tenha sentido. É porque ciúme é uma forma egoísta de amar. E o amor, filho, é passarinho... Esqueça não, Passarinho... 
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