domingo, 25 de julho de 2010

Em Natal


Em Natal, tenho muitas histórias. Mas a que construo agora é muito doce. E a mais feliz de todas.
Viajamos eu, meu filho, meu amorTatu, minha irmã e meu sobrinhoafilhado.
E eu percebo que é mais do que uma viagem de férias. É um aprendizado entre pessoas que estão em constante reorientação dos seus limites, dos seus desejos.
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Até mesmo com o Tatupai é um reconhecimento, já que é nossa primeira viagem de férias. 
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Então assim: o significado desta viagem advém das janelas que tento deixar abertas para o mundo.
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sábado, 24 de julho de 2010

Em Jericoacoara


Fomos ao paraíso.
Isto é, em Jericoacoara.
Eu li em algum lugar que ir em Jeri não é uma viagem, é uma experiência.
E só vivenciando aquele lugar para entender o que isso significa.
Porque é muito, muito poderoso.
Nenhum guia explica a sensação de alegria que nos assalta quando atravessamos as dunas, aos solavancos, e sentimos um outro mundo aparecer.
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Nem mesmo o burburinho da grande quantidade de turistas diminui a exuberância da natureza.
Pôr do sol nas dunas, caminhada de charrete até a pedra furada, ida ao mangue para tentar ver cavalo marinho,espiada nas muitas lojinhas artesanais, comidas deliciosas, incluindo a torta de banana da dona angelita, tudo faz parte do ritual de estar em Jeri, mas que logo viram experiências pessoais de enorme densidade emocional. E por que? Simplesmente, porque é lindo. Porque tanta beleza arrebenta a retina.  

Viemos nóstatus e o Poeminha, mais mana Mácia e amiga dela, a Fátima. Ficamos em um hotel maravilhoso, de frente para o mar. Num dia, nós, tatupais, saímos apenas os dois para andar de bugue. E apesar de termos pensado no Poeminha várias vezes, delícia um tempo só nosso para namorar.
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Acho que encontrei bons companheiros de viagem. Às vezes, ansiosos outras, impacientes, mas sempre com um olhar bonito sobre as belezas do mundo. E, no fundo, é isso que importa em toda viagem: a capacidade de se espantar diante do visto e sentido.
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Feliz.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

a casa do avô

Iracema, no seu miolo, mudou pouco.
Uma ou outra casa diferente.
Uma ou outra fachada a anunciar uma loja, um supermercado, um bar, que não havia no meu tempo. 
Mas a casa do meu avô praticamente desapareceu.
Queria ter fotografado esta desaparição, mas uma camionete atrapalhou.
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As casas que desaparecem levam um pouco de nós.
De nossa história.
Como se estivéssemos continuamente desaparecendo.
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para o filho


Poeminha, seu avô adentra cada vez mais no seu mundo particular.
É de lá que ele nos olha com espanto.
(Um espanto que me espanta).
E ainda assim tem os beijos e abraços mais doces que eu conheço.
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Eu quis tanto ver isto: você com ele.
Ele a lhe chamar de hominho.

um tio


De perfil, não dá para ver, mas ele é muito elegante.
Talvez seja seu modo de sentar.
Ou sua magreza de faquir.
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E sua camisa sempre aberta no peito.
Que também não dá para ver de perfil.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

em casa

(fotos depois)

muitas coisas me fazem lembrar que nasci aqui, em Iracema. e muitas outras me fazem lembrar que parti. gosto sobretudo das pessoas. é como se voltasse a ter quinze anos. havia muito amor a amparar o pouco amor. era bonito. hoje sei que era bonito. talvez por isso me venha esta moleza. para além da crise da garganta que me deixou no fundo da rede nos primeiros dias de férias, sempre que venho há como que uma parada no tempo.  sinto vontade de mudar uma porção de coisas e, ao mesmo tempo, me é tudo familiar. 

nunca sinto que estou de passagem (e estou de passagem há vinte anos). tenho vontade de ficar. e ficar por muitos dias. meses, talvez. até que viesse a saturação e eu tivesse certeza de que já não sou daqui. pois o que eu sinto é que jamais deixarei de ser daqui. as loucuras, as carências, as alegrias, o riso solto, o choro alto, o medo de que nada dê certo, tudo veio daqui. muitas lembranças me assaltam. e eu as conto ao Tatupai, aos risos, para, talvez, deixá-las definitivamente no passado.

e quando aos risos, minha amigaamada da infância, me lembra que eu era uma adolescente que fantasiava poses e posses, um pensamento me parte ao meio: hoje minhas fantasias são outras. assumo a pobreza que castigou minha infância e minha adolescência não como uma forma de me tornar heroína de uma vida que "deu certo", mas como uma forma de dizer que a sorte ou o acaso ou os encontros ou um pouco de perseverança fazem toda a diferença.

tudo bem. talvez não seja nada disso. na volta para casa, eu só queria mesmo ver meu pai carregando meu filho no colo, sentir o abraço da minha arev, comer buchada e queijo, repetir mais de uma vez que não gosto de coalhada e ficar olhando para a casa e como no jogo de sete erros tentar adivinhar quais móveis apareceram e quais desapareceram, quais saíram de lugar,  quais eu mesmo faria desaparecer, como um modo de reconhecer minha mãe, que está aqui, a brincar com meu filho.


sábado, 3 de julho de 2010

diário de viagem

Os tatupais começam assim uma viagem::: um tatu pai ansioso demais para ajudar a tatumãe a arrumar as malas. E uma tatumãe enlouquecida entre o que levar e não levar para uma viagem de 45 dias. A tatumãe quer se redimir e não levar mil tranqueiras desnecessárias... Por fim, a tatumãe se redime em parte. E mesmo assim, a bagagem fica grande. Culpa do Poeminha, o filho. O tatupai faz noitada de despedida com os amigos. A tatumãe aproveita para ir ao salão fazer mão, pé, cabelo, sobrancelha, como se tudo já não estivesse feito.
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Depois de 30 horas, e uma pausa para ver os minutos finais da seleção brasileira na Copa, em um aeroporto emudecido de emoção, chegamos aqui:::


Eu acho meio over. É trauma. Todo parque temático me lembra a Disney e as descerebradas que para lá correm em suas férias. Meio over, mas delícia. Eu já decidi que o Poeminha vai ter todos estes programas de criança. Se um dia ele me pedir para ir a Disney, eu levarei. Nunca meu filho vai me esperar em vão à porta da escola. Talvez por isso eu não pensei duas vezes quando a mana Mácia nos propôs, no primeiro dia de férias, ir ao Beach park, aqui em Fortaleza. Eu nunca tinha ido. 
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Poeminha se divertiu à beça. E os tatupais também. E as manas estavam no aeroporto. E os sobrinhos também. Acho que vai ser bom demais. É que vim para casa. Mostrar o Poeminha para minha mãe, meu pai, minhas duas irmãs que moram aqui. Vim para vê-los. E apresentar minha familinha. Quantas histórias sairão deste baú? Quantas vezes voltamos ao útero ao longo da vida, sem nunca mais de fato poder retornar? Ou retornar como mãe é uma forma de?

Tão bom.
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