quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pedra do Ingá

Tenho em mim umas sementes de loucura. Guardadas, elas afloram por vezes saudosas. Porque há noites cheias de lirismo e beleza, eu quis conhecer a Pedra do Ingá. Noites de vinho música amigos. Eu fui na Pedra numa tarde chuvosa com meu Tatu, meu Poeminha, minha mana e meu sobrinho-afilhado, depois de atravessar os estados de Pernambuco e Paraíba. Não me importava que fosse apenas uma pedra com inscrições desconhecidas, tão antigas como não se sabe imaginar. E de fato é apenas uma pedra à frente das águas. Vi-a assim: uma pedra desnuda daquela loucura que guardo em mim as sementes. Mas durante todo o tempo que estive em volta da Pedra, com minha máquina em punho, as noites de vinho música e amigos estavam em mim, eu sentada naquela varanda que tem um rio que se chama preto, com aquela moça que tem amor e espanto pelos discos daquele moço que é seu. Eu vi o que vi através das sementes. E por isso fiz da tarde, noite. Só assim pude estar na Pedra com meus amigos loucos, e com eles acampei e dancei em volta do fogo e me banhei nas suas águas, tão terra, ar, água e fogo como o disco na vitrola que me levou até lá, o disco feito no ano em que nasci.  Pois é por isso que vale a vida, para sonhar e cuidar do sonho. E ter outro sonho no momento em que o sonho se faz real. 


Alguns dos arquivos:












Lula Côrtes e Zé Ramalho criaram lá o LP Paêibiru, hoje objeto raro e renegado pelo Zé. Meu amigo Weldon é um dos seres raros que tem e ama um destes vinis.
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