quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Relatinho do Silic


O Silic foi mesmo bonito. Esta sensação: três dias com a alma nas mãos. E se eu tinha que falar na abertura, falei que os conferencistas tinham isto em comum: eram todos gente boa. E não menti. Cada vez mais tenho sentido vontade de estar perto de quem me interessa. Sorte poder estender isto para mais pessoas. Sorte ter cruzado com tanta gente sabida.

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Neste ano, as conferências aproximaram-se mais do tema que surgiu como surgiu o anterior (de uma vez): as aporias do contemporâneo. A sensação foi de uma grande cantoria, em que uma repercutia na outra. A primeira foi por conta de Valdir Barzotto, professor da USP. Ele sempre certeiro: quem ganha e quem perde quando afirmamos que o jovem de hoje não lê? quais máquinas de silenciamento estão aí em movimento? Por que ensinar e pesquisar literatura? A que será que se destina? A existirmos, foi a sua resposta.

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No outro dia bem cedo foi a vez de Binho, da Unir, entortar a cabeça dos bem pensantes, ao analisar a obra/persona da Clarah Averbuck.Ficção? Fricção? Ele sentiu o baque, mas titubeou pouco. É texto, mas quem escreve é uma moça pra lá de performática. O que a Universidade vai fazer com isto, é o desafio.

À tarde, houve uma conversa com professores do ensino médio. Esta eu perdi. Mas o burburinho foi grande. Valdir não é de brincadeira. Sem papas na língua, ele faz mais é incomodar. E quem não precisa se sentir instigado?

E Arnaldo Franco, professor de literatura da Unesp, de certo modo, continuou à noite com o aspecto "marginal" da empreitada, ao falar sobre o que há entre as experiências e os experimentalismos na literatura brasileira, focando na obra da Clarice, Roberto Drummond e Caio Fernando Abreu. 

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E as comunicações dos alunos? De dar lágrima no olho. Demais sentir o amadurecimento de cada um. Os volteios, as certezas, as belezuras. E a gente do Silic faz ficar com cara de mesa-redonda, todo mundo juntinho numa grande mesa.

Depois veio a Madalena, da Unemat. Mas eu, exausta de doença, não pude assistir. Sei que foi bom, com a moçada da plateia perguntando. Aliás, as pessoas estão tão perguntadeiras, o que demonstra que há aí um movimento de intimidade, de à-vontade, com o Silic.

Osvaldo Gomes iniciou a noite com sua teatralidade poética sempre a nos deixar com vontade de guerra. Aí veio o Marcos. O Siscar, agora na Unicamp. E cada vez mais poeta. Saiu um livro maravilhoso dele: Interior via satélite. Tenho-o aqui, agora, com um autógrafo tão tão tão bonito. Eu fiz possível para não me derreter demais. Binho diz queéfeio e eu, boba, acredito. Mas falei assim, da minha grande admiração por ele, não poderia deixar de falar. E ele falou sobre a questão da crise na poesia. Mas ninguém ache que ele o fez sem problematizar, sem colocar um grande ponto de interrogação nesta questão, destoando do que se ouve a toda hora por aí.

E exaustos de alegria, assistimos ao show do Binho no encerramento. Chuva veio, chuva foi... e sentimos com muita alegria que fizemos a coisa certa, do jeito certo, na medida certa. 
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Então acabou em festa até às 3h da manhã aqui em casa. 
Próximo ano tem mais.
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