quarta-feira, 25 de maio de 2011

uma conversa amorosa com a literatura

muitas experiências. e elas tomam conta de mim. deixo abertas as frestas. existem.  nem que sejam por pouco tempo. de todas, a leitura. o ensino. o saber. qual é este mesmo?

neste sábado, precisei condensar mais de cem anos de literatura brasileira em oito horas. demarquei, então, o impossível. registrei o engodo e por dois dias histéricos busquei sistematizar estes mais de cem anos. uma tentativa de estancar o desague de palavras que com certeza jorrariam. ou o silêncio, nunca se sabe. qual efeito, ainda não sei dizer. mas para meu próprio deleite, falei oito horas ininterruptas, declarando meu amor ao período moderno e contemporâneo - "meninos, creiam, salvo Machado de Assis, tudo que vale a pena está neste século". e autobiográfica como sou, jurei: "diante da morte, conta muito pensar: eu li a obra completa de graciliano ramos, desde caetés até memórias do cárcere, passando pelo enorme abismo que é angústia". tem hora que a literatura pede só uma declaração de amor. ainda mais nestes tempos em que qualquer amor parece sem sentido. eu quero todos os seus sentidos. sou, afinal, uma leitora, antes de ser professora. e antes de tudo, sou um sujeito - com ânsias medonhas. 

talvez por isso eu rejeitei o material com o qual deveria falar sobre literatura. e criei meu próprio material. rejeitei-o. ou ele me rejeitou, não sei. dados e fatos não me interessam. lembrei-me, mais uma vez, de barthes. e achei que valia a pena apostar no sentido amoroso da conversa. 
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e de quebra, ainda namorei. Poeminha ficou com a avó e a bisa. e nós, Tatupais, aproveitamos a visão das estradas, a música no carro, o lugar para dois.
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1 Palavrinhas:

Pips Marshall disse...

BelaMi, as sinteses são sempre empobrecedoras, mais vale um punctum, uma olhadela, uma miopia! E namorar de quebra nem me FALE! Bom demais!
beijos
Fa