domingo, 5 de junho de 2011

bicicleta na parede - e sobre o que é bom


a bicicleta foi parar na parede. o bacana é que não está apenas na parede. tatupai procurou, procurou até encontrar a atividade  física que lhe dava prazer. agora já está até fazendo trilhas. acorda cedo aos domingos. ele diz que a paisagem não é de brincadeira - de alumiar. a turma também. há algum tempo a busca pela vida saudável bateu a porta aqui em casa. Poeminha é, em larga medida, responsável pelas mudanças. e nos contagiamos. frutas de todas as cores. refeições balanceadas. e tatupai, pouco a pouco, foi percebendo a necessidade de se cuidar.  sobrepeso, cansaço. logo ele, um cozinheiro de mão cheia. é bom porque os sabores agora experimentam outros sabores. longe da gordura, das massas de todos os dias. é difícil - a começar pelo preço. produtos de qualidade são sempre os mais caros das prateleiras::: ainda mais aqui na mata, em que o monopólio dos supermercados mantém os preços nas alturas. mas não dá para abrir mão. e tenho que agradecer esta "consciência", mais uma vez, às pessoas que tive a sorte de encontrar. ninguém na minha família pensa com amor na alimentação. heranças. de certo modo, comer sempre me pareceu nada mais que uma necessidade fisiológica... até encontrar carla, mariamada, tatupai. não descarto a possibilidade de Poeminha um dia querer viver à base de sanduíches, mas não vai ser aqui em casa que ele vai aprender. todas as noites, eu faço um "resumo" a ele das "delícias" do dia. o abraço apertado. o livro. o filminho. a brincadeira demorada. a ida a  bisavó - e agora a avó que está aqui. o almoço. a bicicleta do pai. o a ida a praça. o jantar - e repito: "filho, a vida é bonita. vale a pena gostar de gostar; você ouviu aquela música em que dancei com você? pluct plact zuum. mamãe chorou porque no tempo dela tudo era falta. agora não, filho. você não tem tudo. nem precisa. mas amor e cuidado não lhe faltam. você sente?" e ele se espalha todo em cima de mim. seguro. inteiro. e às vezes, nesses momentos de ternura, eu lembro daquela longa estrada ao meio dia de muitos desejos. quase nunca satisfeitos. e ainda bem que o tempo passa - tantas vezes ao nosso favor. 

e a bicicleta na parede. a busca pelo saudável. o cuidado com o filho. a parada contrariada, mas necessária. tudo isso faz parte do savoir faire. de um desejo de viver bem - que se concretiza porque a história existe, mas nem sempre perdura. ainda bem. 
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