sexta-feira, 2 de setembro de 2011

a vida e as poses sem pose

 sim. bastante narcisismo. esclareço::: são praticamente as únicas "poses" de um mês de férias. férias que existiram porque eu não morri. vez ou outra, eu solto o besterol sincero: !ainda bem que eu não morri!





qual é a parte bonita da vida? toda ela. fez um ano que eu quase morri. adoeci no mês do cachorro louco. um mês com um histórico enorme de dores nas minhas entranhas. nada, se comparada aquelas. como é que pode o ser humano ser tão resistente a dores tão imensas? às vezes, ainda acordo no meio da noite como se estivesse sendo esfaqueada por aquelas facas imaginárias. o menor movimento e era como se todo meu sangue escorresse. e agora o agora. apenas há pouco mais de dois meses, meus movimentos parecem normais. e eu posso pegar meu filho do chão e tomar banho com ele enganchado na minha cintura, como um dia fiz com minha sobrinhaamada. 


é por isso que não gosto das marcas sujas da vida. daquelas em que é possível estar distante. porque existe o imponderável. e o imponderável pode ser a morte. a possibilidade da morte. acho que sempre soube disso. e por isso tive certeza de que morreria. como alguém com tanto apego à vida teria a dádiva de uma vida longa? desde lá, eu vivo assaltada pelo medo de que outro imponderável irrompa. que outro roube a alegria do que agora é meu::: o sorriso do Poeminha, os cabelos espessos do Tatupai e as lindezas que por aqui passam (as nossas meninas seguindo o destino da literatura!). 


mas eu sinto, bem aqui em mim, que este medo também vai passar. que a vida dure muito, que dure pouco, o que importa mesmo é que eu  esteja por aqui, inteira, naquilo que me faz tão cheia de surpresas e obviedades. mas se houver este roubo do que agora me é mais caro, eu ainda sinto que preciso justificar a minha segunda vida. sem lamúrias. sem meios-termos. sem condescendências comigo. se vivo, vivo. e é por esta vida, por estar viva, que eu devo continuar batalhando, sem titubear. 
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