quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Vanguart


Continuo achando que o Hélio Flanders tem muito sex appeal no palco, apesar do bigodinho ridículo. Bob Dylan é o fantasma de Flanders, mas convenhamos que não é de todo mal ter Bob Dylan como fantasma. No novo álbum, tem coisas do tipo:

vou embora, 
mas vou te levar comigo
vamos juntos pra ver o sol nascer...

E "Demorou pra ser":

(você é a vida da minha vida)

enquanto eu tiver saúde
enquanto eu tiver de pé
enquanto a gente se amar
enquanto a gente ainda tiver
um coração tão cheio
tão cheio de amanhã
vê? meu coração tão cheio
estou aqui

E ainda:

eu vou até o final,
eu vou até te ver
sob águas claras: carvelas
sigo a estrada do sol no céu
em sonhos antevejo teus vales
respiro a américa
repetindo: - eu vou até o final
eu vou até chegar

O título do novo álbum é "Muito mais que o amor", mas tem muito de amor. Talvez não tenha aquela dor de amor quando o amor acaba. E tem trompete e violino, que cria um tom intimista em várias músicas. Faz tempo que percebo que os músicos - aqueles que antes chamávamos de roqueiros - cada vez mais cantam o amor. E mais que isso, cantam o viver-bem, a passagem do tempo, a vontade de que as coisas deem certo. Claro que falo daqueles que estão envelhecendo junto comigo: Arnaldo Antunes, Lenine, Marcelo Camelo etc.. Desapareceu a raiva. Ainda sinto falta do grito, mas agora bem menos. Como eles, ando sentindo vontade de andar descalço, de olhar em volta, de cuidar mais de mim. E aí, vem todo o movimento: músicas no ipod, dois romances pela metade, o livro de 1000 páginas e terça com cara de sexta.

Categories:

0 Palavrinhas: