quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"tranquilidade na clareira do caos"

tranquilidade na clareira do caos
otto




eu preciso desta tranquilidade terra-a-terra. desta tranquilidade que por vezes me vem nos momentos de mais ventania. e o que me dá isto é um olhar amoroso sobre o que acontece. sobre o que eu faço acontecer. e sobre o que circula independente de minha vontade, por mais ruim que às vezes seja. preciso desta segurança que me vem no meio da ventania, resultado de uma vontade de manter a vida com uma sentinela. estou atenta, e isto me alivia, por mais desatenta que esteja. deixo não. deixo não tirarem meu lugar no mundo. se me fizerem mal, se me disserem não, ainda terei meu lugar no mundo. é o que penso. só tenho que convencer ao Tatupai que pode ser assim. como ele mesmo diz, tudo conspira para o que seja melhor. tempo tempo tempo.

não sei por quê, hoje lembrei da escultura de louise bourgeois. uma figura entregue. totalmente exposta. e ao mesmo tempo alheia. fechada na sua própria entrega. preservar isso. é o que penso. preservar. reunir forças. forjar a alegria no que ela tem de mais irredutível, deixando para os outros o esforço do sofrimento, da incapacidade, da falta de generosidade. apegar-se ao que é bom. cortar com uma navalha muito afiada a flor cascuda do jardim. e admirar. convencer ao outro que é possível. o movimento é possível. sair da clausura do que nos foi imposto. ou do que nós mesmos impusemos, como consequência da desmedida.

sim, sim. nada de desespero. se o amigo nos deixa só, se o inimigo nos deixa só, se tudo em volta é deserto frio, lembrar. lembrar do que podemos. concentrar-se. retrair a mundaneidade e buscar o escape possível.  que está bem aqui, em nós.

(as fotos nada têm a ver com os sentidos da postagem, a não ser sobre o escape. enquanto a ventania corre lá fora, eu me decido - f-i-n-a-l-m-e-n-t-e - a aprender a técnica da fotografia. vídeos e mais vídeos. esta é a "lição" de desfocar o fundo e do foco).
*
*
*
Categories: ,

0 Palavrinhas: