quinta-feira, 6 de novembro de 2014

só isto mesmo

a Odisseia de Homero, edição especial publicada agora pela Cosac Naify, é uma obra de arte. enviaram enrolado em plástico bolha, como a dizer que sabem que produziram um livro-arte. fiquei assim::: com o livro nas mãos, folheando, imaginando um tanto de coisas. imaginando este fazer das belezas do mundo. e eu nem ia comprar. foi o Anderson que me incitou. e eu só preciso de um empurrãozinho para aumentar estas longas fileiras de livros que me oprimem, tamanha a responsabilidade que me solicitam. 

solicitar - é uma palavra tão estranha. e ao mesmo tempo, muito simples. domingo, estas meninas bonitas que eu tenho vontade de ser amiga, apesar dos seus vinte e poucos anos, e dos meus quarenta, vieram aqui em casa. e ficaram um tempão olhando os livros. e eu me dei conta que já são mais de vinte anos como consumidora de livros. nos dois sentidos. mas infelizmente, às vezes, mais consumidora do que leitora. o que me dá medo é empobrecer a minha experiência neste mundo. não é a pobreza do mundo que me apavora. é o risco que corro de que a pobreza do mundo adentre no meu vasto mundo. não pensei nestas coisas quando as meninas bonitas estavam aqui. mas tenho pensado constantemente.
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E o início de David Coperfield, de Charles Dickens, é tão poderoso (Poeminha lerá este livro ainda na adolescência? não ter certeza me faz ser hoje seus olhos de ler): "Nasço. /   Se serei o herói de minha própria vida, ou se essa posição será ocupada por alguma outra pessoa, é o que estas páginas devem mostrar. Para começar minha vida com o começo de minha vida, registro que nasci (conforme me informaram e acreditei) numa sexta-feira, à meia-noite. Notaram que o relógio começou a bater as horas e comecei a chorar simultaneamente".  
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por hoje, é só. eu queria dizer só isto mesmo. só dizer que me enchi de paz - se não bem isto - neste fim de noite em que o dia foi todo dedicado às atividades demenciais de escrita por contrato. para quem? e para quê? vou me perguntar não. vou me contentar de pensar que foi por querer. ninguém me obrigou, a não ser, talvez, a imagem que colei em mim. Poeminha fez trilhas de brinquedos pela casa. difícil até mesmo de andar. seria bom saber levitar. 


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1 Palavrinhas:

Mácia disse...

Quase meu aniversário já recebi o presente antecipadamente. Amo você. BJS.